Durante a quarentena, as reuniões de videoconferência nos colocaram frente a frente com nosso próprio rosto em diversas situações: sorrindo, conversando, debatendo. Nunca percebemos tanto nossas expressões e ao mesmo tempo nunca fomos tão autocríticos com relação à aparência
Mas o que será que as câmeras estão mostrando tanto? “Na verdade, muitas pessoas que têm um cuidado maior com a pele, e fazem sua rotina skincare na frente do espelho, até sabiam da existência de algumas alterações estéticas, como manchas, cicatriz de acne ou a própria acne, mas as videoconferências têm despertado a atenção para outros pontos. Por exemplo, o pescoço, que pode ter rugas mais demarcadas e está ‘escondido’ abaixo do rosto, que é o lugar que as pessoas mais dão atenção”, explica a Dra. Paola. “E outros problemas também são característicos desse momento de muito estresse e desregulação dos horários, como queda de cabelo, olheiras, inchaço facial, que são alterações que podem ser tratadas”, completa a médica. Só para ilustrar, um relatório do banco BTG Pactual sobre o legado da quarentena para o consumo mostra que o tópico “skincare” contou com um aumento de 66% no número de buscas entre fevereiro e abril, com destaque para a busca “como fazer skincare?”.
Além disso, existe outro porém: olhar no espelho é diferente de se ver em uma câmera de videoconferência. “Em uma reunião, estamos falando, debatendo ou sorrindo, coisas que não costumamos fazer no espelho. Então, é normal que algumas linhas de expressão fiquem mais sobressalentes. Mas como as pessoas estão tendo muito contato com a própria imagem em movimento e expressões diferentes, é legítimo que elas queiram tratar”, diz o Dr. Mário.
Segundo o cirurgião-plástico, no entanto, um alerta importante precisa ser feito com relação às câmeras dos celulares, que causam um efeito chamado Fish Eye, que distorce a imagem deixando o nariz, por exemplo muito maior do que é na realidade. Isso pode acontecer nas selfies também, quando o celular fica a uma distância muito curta em relação à face. “Quanto mais paralelos os feixes de luz entram na lente da câmera, mais a imagem formada corresponde à realidade. Acontece que, no caso dos celulares, por conta do tipo de lente e da sua distância em relação à face, esses feixes entram de forma não paralela. É um fenômeno físico, que é minimizado no caso de fotos mais profissionais”, diz o Dr. Mário, que também é Chefe do Setor de Rinologia da Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP).
A iluminação e o ângulo são outros dois pontos importantes que podem influenciar na autopercepção. “Tudo é uma questão do contraste entre a luz e a sombra e o ângulo escolhido. Tanto é que nas fotos que tiramos antes e depois das cirurgias, tudo tem de estar padronizado para poder ser comparado. A distância entre a câmera e o paciente, a intensidade e direção da luz e o tipo de lente devem ser sempre os mesmos. Isso é tão importante, que em alguns congressos médicos, uma foto mal executada pode significar o insucesso de toda uma apresentação”, afirma o médico.
A boa notícia é que existem muitos tratamentos para alterações dermatológicas de manchas, rugas, flacidez, acne, cicatriz. “A indicação deve ser feita pelo dermatologista, após analisar a pele do paciente. Podemos utilizar tecnologias como lasers, ultrassons e até injetáveis e bioestimuladores”, afirma a Dra. Paola. E fique tranquilo com relação aos tratamentos antienvelhecimento: até as cirurgias plásticas hoje buscam resultados mais naturais. “As técnicas evoluíram para conferir maior naturalidade aos pacientes, sempre respeitando seus traços. A ideia de uma aparência artificial após um procedimento já não é mais a tendência nos procedimentos”, finaliza o Dr. Mário.
FONTES:
*DR. MÁRIO FARINAZZO: Cirurgião plástico, membro Titular da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP) e Chefe do Setor de Rinologia da Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP). Formado em Medicina pela Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP), o médico é especialista em Cirurgia Geral e Cirurgia Plástica pela Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP), Professor de Trauma da Face e Rinoplastia da UNIFESP e Cirurgião Instrutor do Dallas Rinoplasthy™ e Dallas Cosmetic Surgery and Medicine™ Annual Meetings. Opera nos Hospitais Sírio, Einstein, São Luiz, Oswaldo Cruz, entre outros. www.mariofarinazzo.com.br
*DRA. PAOLA POMERANTZEFF: Dermatologista, membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD) e da Sociedade Brasileira de Cirurgia Dermatológica (SBCD), tem mais de 10 anos de atuação em Dermatologia Clínica. Graduada em Medicina pela Faculdade de Medicina Santo Amaro, a médica é especialista em Dermatologia pela Associação Médica Brasileira e pela Sociedade Brasileira de Dermatologia, e participa periodicamente de Congressos, Jornadas e Simpósios nacionais e internacionais. http://www.drapaola.me/
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