De 10 a 18 de setembro, Londrina sedia evento dedicado às artes gráficas com extensa programação
“Pensamos o festival como um espaço de encontros, de trocas, não apenas de saberes, mas também de afetos. A ideia é promover encontros que muitas vezes se desdobram em outros encontros e projetos. E a feira é muito importante para isso. É um lugar de venda, de exposição de trabalhos, mas principalmente um lugar de encontro”, ressalta Pablo Blanco, do Grafatório, coletivo que organiza o evento.
No dia 10, próximo sábado, tem início a programação de oficinas que é composta por doze atividades formativas gratuitas, ministradas por artistas do Rio de Janeiro, São Paulo, Minas Gerais, Londrina e Maringá. Os conteúdos contemplam técnicas e saberes variados, envolvendo diversas áreas das artes gráficas e seus desdobramentos: vitrografia, desenho animado, serigrafia, tipografia, gravura, publicação, escrita, entre outras. “A cada ano a programação aumenta um pouquinho. Nesta edição vão acontecer 12 oficinas formativas, ministradas por artistas envolvidos com a arte impressa e linguagens próximas, e que desenvolvem trabalhos bastante únicos”, comenta Blanco.
Festa de abertura e exposições
Para o dia 16 (sexta-feira), acontece o evento de abertura do festival na Vila Cultural Grafatório, a partir das 18h30. Para essa ocasião estão programadas a abertura de duas exposições, um lançamento de livro e uma apresentação musical, além de discotecagem e bar aberto servindo comes e bebes.
Uma das exposições é intitulada “A Gráfica do Livro”, e tem curadoria do artista e pesquisador mineiro Amir Brito Cadôr. Partindo de seu acervo particular de livros de artista, Amir preparou uma mostra centrada em livros-objeto cuja principal característica é seu aspecto gráfico. A exibição contempla livros de artistas nacionais e internacionais, incluindo muitas edições raras.
Também será aberta a exposição “Arte-Jogo: Obras de Tomma Wember”. A mostra é a primeira a trazer ao Brasil as obras da artista alemã, e tem curadoria da designer e pesquisadora catarinense Tina Merz. A pequena exposição apresenta um pouco de suas investigações que transitam entre a escrita, a arte conceitual e o objeto-livro. Em algumas das obras presentes há o envolvimento do público, que poderá “jogar” seguindo as instruções propostas por Tomma.
Tomma Wember (1919-2008) também é a autora do livro que será lançado nessa noite: “3 Palavras Só ou Quatro Às Vezes Mais”, uma co-edição do Grafatório com o plataforma par(ent)esis, de Florianópolis. O livro reúne 21 poemas escritos por Tomma, traduzidos pela primeira vez ao português, e constituí uma das obras mais relevantes de toda sua trajetória. O livro teve organização de Tina Merz, com tradução dela em parceria com Sofia Mariutti.
Além disso, a noite termina com música: para as 20h está programado o show “Canções Velhas Para Embrulhar Peixes”, dos paulistanos Peri Pane e arrudA, com participação do também paulistano Gustavo Galo. O repertório envolve canções e poesia, e reúne as parcerias gravadas em três discos ao longo de dez anos. Para finalizar, acontece também uma discotecagem em vinil com o DJ londrinense Gustavo Veiga.
Feira DOBRA
Shows e intervenções artísticas
Os organizadores comentam que, nesta edição, a proposta é potencializar os encontros e trocas, incorporando outras linguagens na programação. Por isso, durante a feira, irão ocorrer intervenções como a do Slam das Minas e LBTQIA+ e uma performance do coletivo londrinense Ofadodun, além de shows com músicos locais e de outras cidades, como Sistah Chilli (SP), Vitor Wutzki (SP) e Àiyé (RJ).
Pandemia, perdas e homenagem
A proposta da DOBRA, celebrar o encontro, teve de ser adiada devido à pandemia do Coronavírus. A última edição do evento foi no fim de 2019, e agora que as condições sanitárias permitem, a expectativa do retorno está animando a organização. “A DOBRA já faz parte de um circuito de eventos do tipo que acontecem pelo Brasil, sendo um dos poucos que acontecem no interior. Tomando como base outros que já rolaram neste ano, essa edição promete”, comenta Pablo Blanco. “Em uma das piores fases da pandemia, perdemos para a Covid-19, o Willian Santiago, um grande artista de Londrina, presença marcante em todas as edições da DOBRA. Nesta edição vamos fazer uma instalação na feira em homenagem a ele”, complementa o organizador.
O festival é organizado pelo coletivo Grafatório, com colaboradores e amigos, e conta com o patrocínio do Promic – Programa Municipal de Incentivo à Cultura.