Vencedor na categoria Romance de Entretenimento, Lucas Mota cria ficção científica singular e se consolida como uma das vozes mais originais do gênero.
Ambientado em uma Curitiba futurística, Olhos de pixel é um reflexo das inquietações de Mota. São a sua leitura e interpretação de mundo e, ao mesmo tempo, uma maneira de exorcizar as questões mais urgentes. Não à toa, o escritor mergulha em sua própria intimidade para propor uma discussão de altíssimo nível, sem abrir mão de uma literatura acessível e instigante, capaz de levar o leitor pelas mãos da primeira à última página. “Eu fui criado no meio religioso, me considero cristão até hoje, mesmo não tendo qualquer relação com igrejas ou instituições religiosas, por isso senti que eu tinha alguma coisa pra dizer sobre aquilo que incomodava”, explica o escritor. “Ao lado disso teve a parte de criar um cenário futurista, que foi mais divertida, mais leve. Criar universos ficcionais é sempre uma experiência agradável pra mim, me divirto muito fazendo”
Romance de entretenimento
Quando o Jabuti criou a categoria de Romance de Entretenimento, há alguns anos, houve quem a viu como um contraponto ao Romance Literário, entretanto, segundo Lucas Mota, a literatura está além das nomenclaturas e classificações. Olhos de pixel, como boa parte das obras de ficção científica, principalmente as clássicas, orbita entre a cultura pop e o engajamento social e, portanto, tentar colocar o livro em uma caixinha que o defina por completo pode se tornar apenas uma estratégia reducionista.
Isso, no entanto, não é algo que preocupe ou incomode o escritor. “O mercado literário funciona como qualquer outro mercado, o objetivo são os números de vendas, a sustentabilidade financeira da coisa. A literatura simplesmente não se importa com isso, o interesse é o texto, as palavras, os gêneros literários, seja em um estilo tradicional e consolidado ou em algo completamente experimental e inusitado”, comenta Mota. “Alguns profissionais do mercado percebem isso e tentam alinhar os interesses do mercado com os da literatura. Às vezes conseguem.”
O certo é que, independentemente de qualquer classificação, o Prêmio Jabuti é uma chancela importante para a divulgação de escritores de diferentes gêneros literários, sobretudo para aqueles que, como Lucas Mota, trilham um caminho independente ou não integram os grupos de grande editoras. Acima de tudo, é uma oportunidade de chegar a novos leitores. “O prêmio me trouxe uma avalanche de novos leitores. Eu sabia que algo desse tipo poderia acontecer, mas o resultado tem superado muito as minhas expectativas”, analisa Lucas.
Voz original
O Jabuti de Olhos de pixel é a consolidação de um projeto literário coeso. Desde a sua estreia com Todos os mentirosos (2016), Lucas Mota se firma como uma voz original e sólida. Seja no romance Boas meninas não fazem perguntas (2018) ou nos contos da série Soundtrack – Desintegrado (2018), O Destino de Ayra (2018), A Terra dos homens-tigre (2019) e Algoritmia (2020) – a literatura do escritor paranaense se mostra em um diálogo constante entre o clássico e o novo modo de fazer ficção científica.
Profícuo, Mota já tem na manga novidade. “Eu já tenho alguns outros textos inéditos esperando apenas uma oportunidade para chegar aos leitores. Não posso dizer exatamente em que ordem eles serão lançados ainda, mas podem esperar material novo de ficção científica, fantasia, realismo mágico e algumas surpresas”, revela.
Sobre o livro
Olhos de pixel
Lucas Mota
Plutão Livros | 296 p.
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Sobre o autor
Lucas Mota nasceu em Umuarama, no Paraná, e vive em Curitiba. É escritor, vencedor do Jabuti 2022 com Olhos de pixel (Plutão Livros, 2021). Também escreveu Boas meninas não fazem perguntas (financiamento coletivo, 2018) e Todos os mentirosos (Amazon, 2016). É autor dos contos Desintegrado (2018), O Destino de Ayra (2018), A Terra dos homens-tigre (2019) e Algoritmia (2020), todos publicados na Amazon. Lucas Mota produz o podcast Suposta leitura.